segunda-feira, 3 de março de 2008

Chatice aguda

Triste notícia. Virei um chato. Daqueles chatos, mesmo. Mes-mo. Do tipo que leva serviço para casa, que não responde quando é chamado, que só faz aquilo que lhe é útil, do ponto de vista pragmático da palavra. Chato daqueles que não sai para se divertir, mas para fazer networking, que procura se postar de maneira correta, com postura, ereta, se possível -- e ainda mais, se possível, em uma roupa social. Sou do estilo do chato que não vê graça na brincadeira das ruas, de quando o outro chama o outro, do outro lado da rua, e grita: Ê, viado! Como vai a mãe? E o outro responde: Não como a sua, mas vai indo. Essa é a minha espécie. A do chato.

Não gosto de ver torcedor feliz ou alguém feliz por ter passado mais tempo com o filho. Aliás, não gosto de 'felicidade nas pequenas coisas'. Detesto, inclusive, brasileiro feliz; essa raça, a dos brasileiros (não cafusa, mas confusa), não deve ser feliz, não nasceu para isso, ela precisa ser como eu, afinal. Ela precisa ser chata. Minha chatice só não perturba porque eu, como um chato, busco me isolar em meu mundo e, como um autêntico, não divido minhas chatices com qualquer semelhante.

Além de chato, sou egocêntrico, e faço do meu egoismo ponto alto da minha chatice. No meu e-mail -- não o comercial, obviamente, iria pegar mal -- tem a palavra 'ego', emendada por um underline, com o sufixo 'tosao', numa junção medíocre de poesia barata, destas vendidas em postos de gasolina, nas quais muita gente cai porque passou o Ensino Fundamental em aulas de janela -- no caso de quem estudou no estado -- ou 'fazendo farra como são os jovens' -- no caso de quem passou pelas particulares.

Sou chato da melhor espécie. Busco referências fora de moda para justificar aquilo que não gosto e de que está na moda. Tento provocar riso ao me usar como escada. Tenho pedigree de chato e, assim, vou sendo a minha própria chatice. Aguda. Pontuda. Destas que cutucam. E fazem cócegas nos mais sensíveis e arranhões nos mais carrancudos.

Até!



"A pressa é inimiga da paciência" (Essa é minha, ao explicar para minha mãe porque não estava com pressa de limpar a cozinha)

4 comentários:

Anônimo disse...

Que sorte a sua: tem mãe e namorada (hehehehehe). Pelo menos uma não te deixará sozinho no futuro. Será? Brincadeira. Gosto de vc, mesmo chato.

Anônimo disse...

Chato é um lado positivo de responder a um mundo com muitas pessoas bobas alegres, que enchem o domingo com pagode, carro financiado em atraso e sapato de salto em uma tarde descontraida.
Adoro chatos, bravos e "enfezados". Continue assim, Erich Capota.

Anônimo disse...

Eu não digo que você esta um chato, mas parar de tomar coca-cola pode ter sido o maior passo para se tornar um chato, porém saudável, coloque na balança o que pesa mais e voce segue o que mais te interessa. Essa lição de vida, parar de tomar coca, não serviu para mim ainda estou com os traumas de infância graças a esse maravilhoso e odiado refrigerante, que Deus o tenha. Beijos do irmão Vardinho!!!

Anônimo disse...

Chato é fio de rato que nasce pelado no meio no mato!!! Alemão