terça-feira, 26 de agosto de 2008

MCC: tradição, família e punk rock

Uma vez, eu e meu irmão estávamos escutando o disco ...And Out Come The Wolves, da banda Rancid. Quem conhece sabe a importância deste disco no punk rock; quem não conhece, deve se lembrar de Time Bomb ou Ruby Soho, músicas que ficaram por semanas nas paradas da MTV e de outras instituições do mainstream. A certa altura do disco, o Evaldo me disse: "Cara, eu só vou ficar feliz com a nossa banda quando eu sentir esse mesmo prazer que sinto ao escutar essas músicas". Nunca esqueço dessa frase, ainda mais com o jeito simplório e sincero do meu irmão. O tempo passou. E entre tropeços, atropelos e trapalhadas, estamos -- eu, o Evaldo e o Giuliano --, em 2008, comemorando, mesmo que discretamente e sem qualquer evento especial, os 10 anos da nossa banda. Mazzaropi Contra o Crime é um ente querido entre nós. MCC, para mim, representa tudo o que há de mais belo e sólido nas relações entre as pessoas. Parece exagero, mas não é. Estar ao lado do meu irmão e do Giuliano é sempre muito significativo; afinal, tudo acaba em música, amizade e festa. Mas é engraçado. Nós nunca soubemos trabalhar, como se diz, comercialmente a banda; muitos de nossos amigos dizem que MCC têm "potencial", e talvez eles tenham razão, mas nós nunca soubemos ter sensibilidade para entender o quão fundo é isso. De qualquer forma, MCC conseguiu o que meu irmão preconizou tempos atrás, ao ouvir o disco do Rancid. O prazer que tenho em ouvir as minhas músicas é tão bom quanto escutar as bandas que gosto. Nós não chegamos aonde bandas aspirantes gostam de chegar, como 'sucesso', 'fama' e 'dinheiro' -- aliás, tudo muito suspeito --; mas nós temos o que talvez muitas bandas nunca conseguirão alcançar. Evaldo e Giuliano, obrigado pela parceria.


EU ODEIO... banda punk que nunca tem dinheiro para voltar para casa (e vende fitinha K7 mal gravada por três reais)



"Um bêbado perde a família; um viciado perde a razão; o padre na pedofilia e o pastor em uma mansão; um menor desocupado; uma maior já delinquente; um país livre de guerras, mas armado até os dentes; e tudo o que tem por aqui vale menos que um dólar" (Trecho da música 'Tudo que tem por aqui vale menos que um dólar', de autoria de Mazzaropi Contra o Crime)

4 comentários:

Anônimo disse...

Afinidade, meu caro, não se explica. Era o que eu ia responder no e-mail que tu me enviaste ontem, sobre o evento da Acipi. É esta afinidade, única, sincera e, por isso, rara, que sua banda transmite. Não vou beirar a hipocrisia de dizer que sou fã da sua banda (vc conhece minha opinião desqualificada sobre música. Quando vou na sua casa, prefiro conversar com Evaldão enquanto ouço ao longe vcs meterem bala nos instrumentos musicais), mas sou fã, inegavelmente, do trio (o teu cunhado tem um senso de humor que me faz inveja). E se fizermos uma forcinha, vc pode me colocar como o maior fã do MCC sem nunca ter escutado uma música completa sequer. Acho que isso resume um pouco este espírito da tua banda, certo? rs
Abraços, Felipe

Anônimo disse...

Egos, obrigado pela parceria e por sua declaração de amor. Também queria dizer que os nossos ensaios, apesar de escassos, ainda são momentos de muito prazer (entedam como quiserem), e curto muito tocar ao lado seu e do val, (apesar de tocar atrás de vocês), (entendam como quiserem de novo).
E outra coisa, o sucesso é só uma consequência e quando a gente menos esperar ele aparece.....
E parabéns pra nóis, pois 10 anos de banda não é pra qualquer um hein???
Fica aqui minha frase tôsca: "Se a vida começa depois dos 40, por que a banda também não pode começar? Só faltam 30 agora!"
Alemão

Anônimo disse...

O alemão disse que os ensaios são escassos eu acho isso bom, pois gera raridade, agrega valor, igual ouro tem seu valor por ser escasso, mas o mercado também gosta de abundância tipo Mc donald's tem bastante tem de sobra tem pra todos, resumindo dez anos de banda tamo ferrado hahahah outra coisa o público escasso isso é Punk demais da conta,que quando aparece o tiozinho pingaiada ele se torna a pessa mais valiosa do show. Abraços - Evardinho

Rodrigo Alves disse...

Olá Erich,
Posta aqui o comentário do Boca Livre do Salão, ficou muito bom. Dei boas risadas lendo o texto... acho que a organização do evento nao deve ter ficado muito feliz quando abriu os jornais nesta terça. Realmente não perdoamos! Mas cá entre nós: dava para ficar quieto diante do que vimos?
Abraço!

Rodrigo Alves