domingo, 26 de outubro de 2008

Capa, copo, culpa...

As bebidas explicam a civilização. Dão a noção de como, porque e quando a sociedade evoluiu -- entendam evoluir no sentido puro e simples da palavra, por favor -- e demarcam situações imprescindíveis à História. Essa visão não é minha, na verdade. O jornalista inglês Tom Standage escreveu o livro 'A história do mundo em seis copos', onde ele coloca essa teoria em prática: cerveja explica a Mesopotâmia e o início da civilização; o vinho, o Império Romano e a Democracia Grega; os destilados, o período das grandes navegações e as conquistas além do Velho Continente; o café, a minha preferida, quebrou o período de embriaguez no mundo e trouxe o Iluminismo; o chá traz à tona as Companhia das Índias Orientais e o domínio inglês; por fim, a Coca-Cola demarca o desenvolvimentismo e o Império Americano. Bebidas, enfim, são divisores de água -- entendam sem qualquer metáfora, por favor. Importantes a ponto de serem elas, em alguns momentos, vetores do desenvolvimento. Beber é celebrar a vida, já disse alguém. Dia desses, fiquei intrigado por serem os copos de requeijão os mais utilizados na hora de beber algo em casa. Não que sua simplicidade e praticidade não sejam fundamentis -- reutilizá-los é algo nobre. Mas existe uma imensa diferença quando um copo tem em seu formato força suficiente para alçar a condição de qualquer bebida, alcoólica ou não. Ao usar uma xícara robusta ou invés de um copo de requijão para tomar meu café, por exemplo, sinto que há um respeito no trato de produto fundamental. Sinto que quando se respeita a História com um recipiente a altura de seu preenchimento há uma simpatia mútua; e cada gole torna-se mais que mera saciação de um desejo fugaz; mas torna-se bebericadas na jornada humana. Entendam isso como quiserem.

EU ODEIO... qualquer coisa que tenha o menor vestígio de canela.


"Se você quer algo urgente e bem feito, encomende-o a quem não tem tempo". (José Carlos Machado, autor de Casos, Lenhas e Lorotas de Jequitinhonha. A frase é boa, mas o autor, não conheço; encontrei num site por aí)

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal ver como teu texto está "nos cascos". Agradável de ler e provocador, como vc gosta de ser. Bom saber que Piracicaba conta com mentes tão boas, ainda que escassas.