domingo, 17 de fevereiro de 2008

Bênção, Don Corleone

Na minha mania de inventar estratégias e objetivos pessoais, tenho comigo o desejo de assistir todos (ou a maioria, para ser menos pretensioso) dos filmes clássicos, com base na revista Bravo, que em dezembro publicou uma lista de pérolas da sétima arte. Já assisti alguns, como 2001: Um Odisséia no Espaço, Casablanca, A primeira noite de um homem e O Poderoso Chefão. Esse último, vi a triologia. É, sem dúvida, um filme magnífico e mostra o que se pode chamar de excelência. Francis Ford Coppolla soube captar um momento peculiar das mudanças sociais e comportamentais, a partir da ascensão, métodos e dificuldades da máfia Siciliana instalada nos Estados Unidos desde os remotos anos 1920.

O Poderoso Chefão é uma aula de cinema. É um desses asteróides que passam de tempos em tempos para que nos tornemos a entender como chegamos aqui, e o que aconteceu no período em que estávamos cegos. É um filme que nos tira do obscurantismo secular. Ele nos contribui para redefinir o norte dos nossos sonhos e readequa a coragem de nossas condutas. Não é à toa que a produção que traz os novatos Al Pacino e Robert De Niro, além do mito Marlon Brando, está em segundo lugar na lista da revista Bravo. Perde apenas para Cidadão Kane.

Um fato que me chamou a atenção é o posicionamento da mulher. No período Don Vito Corleone, o primeiro chefão, o papel da sua esposa era de uma mama italiana, que sabe dos seus limites em relação à ocupação do marido. Muda e calada, não exerce papel pró-ativo. Já a esposa de Michael Corleone tem outra postura. Rompe o seu relacionamento por entender que os negócios do marido colocam em risco os seus filhos e a si própria -- e ela tinha razão. Em nenhum momento, porém, o diretor mostra Kay, a esposa, indo a uma manifestação pelos direitos da mulher. A mudança comportamental apenas acontece, e fica implícito que a máfia Siciliana, embora poderosa, já mostra desgaste em acompanhar as metaforses da sociedade. Este aspecto da mulher é sútil. E determinante.

O Poderoso Chefão me deixou em transe. Como vivi até hoje sem ter compreendido esta obra...

Bênção, Don Corleone.

Erich



"Vou lher fazer uma proposta irrecusável" (Vito Corleone)

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