terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Fidel x EUA

Sempre achei que o embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba é, em suma, mais valioso para o governo da ilha caribenha que para os norte-americanos. Os erros e as dificuldades no espaço antes dominado oficialmente por Fidel Castro - mas ainda hoje calcado em seu espectro - foram apoiados no confronto entre 'imperialistas' e 'revolucionários'. As casas mal acabadas, as estradas ainda não duplicadas, os prédios velhos e em constante reforma, tudo é culpa do embargo e os limites rasos para o desenvolvimento econômico de Cuba. Mas o embargo, suas jusiticativas e o que ele justifica, é, nada mais, que caduquice política.

Desde terça-feira, 19, quando Fidel Castro se oficializou em seu exílio político -- antes era o pai do país, agora será Deus -- tenho acompanhado o noticiário nacional e internacional sobre este fato histórico da geopolítica. E em todos os artigos, o cuidado é sempre em apontar 'os avanços da revolução' e 'o estilo personalista de Fidel Castro'. Ora, Cuba, não o país, mas o assunto em si, virou conversa entre duas gerações disléxicas, que comandam a política externa estadunidense e a burocracia internacional do governo de Cuba. O embargo é um erro e não faz sentido na conjuntura atual. Sendo extinto, tiraria de Fidel Castro o seu álibi na dificuldade de desenvolver o país que ele tomou para si.

Não entendo porque os governos americanos, principalmente George Bush, o pai, Bill Clinton e George Bush, o filho, manterem essa política canhestra pós-Muro de Berlim. Antes, o embargo era justificado pela guerra entre as potências e o fato de Cuba estar disposta a ser base militar dos países socialistas. Não há justificativa, a não ser a mirabolante idéia de que a relação entre Fidel e os EUA não passa de jogo de cena, para a continuidade do embargo que alimenta a personalidade egocêntrica de Fidel e que, economicamente, não tem valor aos Estados Unidos.

O maior trunfo de Fidel Castro não foi ter deposto Fulgência Baptista, que não passava de um ditador que vivia sob seu próprio ego, mas ter se colocado como vítima de uma briga que ele sempre alimentou, seja em seu próprio terreno com sua mídia armada, seja fora dele, com sua habilidade inquestionável de criar ambigüidades. E tudo isso por uma ideologia socialista que só lhe fez sentido depois que lhe foi útil no ‘mercado político’ da Guerra Fria. Mais que uma vitória revolucionária, Cuba é o maior erro da política internacional dos EUA.

2 comentários:

Anônimo disse...

Erich bem esclarecedor o texto para pessoas que deixam a política comer solta como eu, gostei da apresentação que fez desse cenário há anos lido e relido. abraço e vai firme na empreitada dos 90 dias, aliás hoje comemoro 90 dias sem chocolate diet. Evardinho

Beto - J.H.V. disse...

Erich: Concordo plenamente com vc em relação ao erro dos EUA em manter esse embargo econômico á ilha. Não há argumentos para essa atitude, pois o argumento usado pelos EUA é que Cuba não é uma democracia e não respeita os direitos humanos e políticos. Essa resposta fajuta que eles dão é repetido exaustivamente por boa parte da imprensa internacional e nacional. Parece q tudo o q os EUA diz é de certa forma endossado pela mídia. Pois be, se essa é a justificativa, pq não embargar economicamente a China? Um país q é controlado por um Partido Comunista, extremamente autoritario, persegue e mata milhares de dissidentes e impõem uma censura no país, hoje é o território preferido dos investidores e tem uma relação economica ótima com os EUA.Sempre faço essa comparação, pois se é pra embargar baseado nisso, então não só a China, mas Arabia Saudita, Paquistão, Egito, e alguns países da África deveriam ser embargados tb. Até mesmo os EUA q tb não respeitam os direitos humanos pelos países q invadem. Pra mim é muita hipocrisia a imprensa toda levar a opinião pública á acreditar q só Cuba q é ditadura e q o embargo é por causa disso. Só isso. Belo texto.
Até mais