segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Noventa dias...

Era para eu ter escrito esse texto no dia 21 de janeiro. Mas não foi possível. Os motivos são os de sempre - muito trabalho, pouco tempo para pensar em algo interessante e pouco algo interessante para ser pensado. Enfim, o de sempre. Nada novo, o que, inclusive, dá mostras do que será 2008. Mas escrevo esta crônica hoje, 4 de fevereiro. O dia 76. Já explico melhor isso. Antes, é preciso voltar à infância e falar dos métodos de ensino aos quais fui submetido.

Em cada traquinagem (ô, palavra estranha, só uso quando falo da infância) ou em cada erro, seja ele intencional ou não, o meu pai sempre dizia: "90 dias de castigo cura". Esse período, 90 dias, ou três meses, que equivale também ao que legalmente um funcionário tem de experiência em uma empresa, era a base que o meu pai utilizava para aplicar correções em nós - eu e meus irmãos, Erika e Evaldo. Na realidade, não me lembro se o castigo levava todo este tempo, mas que, ao menos, ele fica nos impregnando, isso sim: 90 dias, 90 dias, 90 dias...

Pois bem. Isso ficou em mim e, imagino, que tudo nesta vida, as coisas boas e ruins, sempre duram 90 dias, um pouco mais, um pouco menos. Após esse período, tudo precisa ser reavaliado. Precisamos, a cada 90 dias, fazer reflexões e colocar mais 90 dias para o que é preciso ser feito e, de 90 em 90 dias, a vida vai se levando, com seus erros, acertos, tensões e tesões. Comecei 2008 com uma promessa, de 90 dias, lógico, e que só lá, daqui a 76 dias, verei se haverá resultado. Entrei num 'processo regressivo' - cunhei a expressão do meu irmão, que é cheio de expressões interessantes --, popularmente chamado de 'regime', 'dieta', 'reeducação alimentar' etc.

Desde 21 de janeiro, abandonei o meu maior vício -- Coca-Cola (de preferência com rótulo vermelho, sem alegorias natalinas e sem variações para light, diet ou zero) -- e tenho feito exercícios, aeróbicos e musculatórios. Meus amigos quase não me reconhecem. Sábado, 2, por exemplo, passei um churrasco inteiro tomando água, acho que cheguei aos três litros, e comi de acordo com o horário programado, intercalando folhas nas refeições.

Para não morrer de loucura, coloquei que vou manter minha dieta com rigidez por, pelo menos, 90 dias. Não sei o que farei depois, nem quero discutir neste momento. Alguns dizem, mas pô depois você vai voltar na mesma?, eu respondo. Não, lógico que não. É só um período para eu fazer uma auto-análise e ver o que está me ajudando, o que só piora. Enfim, é uma coisa de infnância. Afinal, me acostumei a viver a vida a cada 90 dias.

Um abraço,

Erich


"O espírito livre não quer ser servido e nisso está sua felicidade". (Friedrich Nietzsche)

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